Nesse dia trouxeram até Ele um homem desesperado, que tinha perdido a cabeça.
Disseram-lhe: olha e têm mercê deste desgraçado, que perdeu a cabeça e agora não sabe onde pôr o chapéu!
Ele olhou o homem e condoeu-se. Sentiu na alma o sofrimento daquela alma, como se da sua própria alma fosse, o sofrimento que naquela alma sentia e sentiu-se perplexo, com tão tortuoso raciocínio.
Eles insistiam num coro de choros e lamentações: Tem piedade deste homem, que sempre louvou o Teu Nome e até o Teu NIB.
Então ele condoeu-se mais um bocadinho e fez o milagre.
Por entre os ombros enfezados do homem fez crescer uma garbosa cabeça de Avestruz. E disse-lhe: Agora vai e não a metas na areia, que ficas com o rabo ao sol!
E o homem foi, cantando e dando saltos altos, mortais e encarpados.
No dia seguinte trouxeram até Ele outro homem desesperado.
Só que este não tinha pés, nem cabeça…
(nota do editor: Alguns autores defendem que foi de entre os escombros e não de entre os ombros do homem, que Ele fez crescer a cabeça de Avestruz; outros garantem que o que aconteceu realmente foi que lhe ofereceu um Capuz e um Guizo p'ra pôr ao pescoço e o mandou embora.
O pormenor do homem sair aos saltos é consensual entre todos os autores consultados, menos um, que não houve tempo...)
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