Naquele tempo, vencida a batalha da educação e da saúde pública, as pessoas só iam ao médico quando estavam saudáveis. A medicina preventiva à letra e em pleno. O médico observava então os pacientes e mandava-os fazer uma resma de exames auxiliares de diagnóstico. Raios X, TAC's, análises, ECG's, provas de esforço e o mais que houvesse. Perante os resultados, o médico via então qual a víscera mais saudável do paciente e era então para aí que receitava a doença. Muito naturalmente, a parte mais saudável do corpo seria também a mais apta e preparada para agressões infecciosas, a que menos danos poderia sofrer, apesar de tudo e por mais violenta e destruidora que fosse a doença receitada pelos médicos. Depois, face às respostas do organismo, logo se inventavam medicamentos para combater os danos. Assim se estimulava a investigação científica e outras merdas. Um dos problemas maiores para os médicos era que os pacientes, conforme as classes sociais e as modas da altura, se mostravam particularmente interessados nesta ou aquela doença e faziam questão de pressionar os médicos, para que lhas receitassem. Havia assim, os fanáticos da arterioesclerose, os gulosos da diabetes, os maluquinhos das depressões... Tornava-se complicado, por exemplo, convencer um doente a aviar uma infecção urinária e era com alguma parcimónia que se receitava um cancro no cu. Por essa razão é que se tornava difícil a investigação nessas áreas. Ainda hoje, o cancro no cu, por exemplo, ninguém o quer!...